As comemorações do dia 24 de Abril
Tenho
vindo a constatar que a o executivo da Câmara de Mortágua não perde uma
oportunidade de homenagear figuras ligadas ao antigo regime. Foi o Dr. Assis,
que como sabemos era um monárquico salazarista assumido, mas isso foi sempre
omitido nas informações dadas oficialmente.
Na última
Agenda Municipal, a propósito dos 78 mortaguenses participantes na 1ª guerra
mundial, só indica o nome de quatro, e mesmo assim deturpando o de um
deles. No entanto destaca dois
personagens que não nasceram em Mortágua, embora sejam filhos de um
mortaguense. Mas têm uma característica interessante: são monárquicos
salazaristas, e um deles foi mesmo ministro de Salazar. Dele disse e
escreveu o Dr. Assis: “ e não podemos
deixar de orgulhar-nos de que o Senhor Ministro do Interior … seja um filho
deste concelho – o mais ilustre de todos quantos aqui nasceram, depois de D.
Vasco Martins, de Vila Nova, alto funcionário da côrte de D. Sancho I, que
promoveu a fundação do sete vezes secular município de Mortágua.” Acontece
que nem D. Vasco Martins nasceu em Vila Nova, nem o senhor ministro nasceu em
Mortágua, mas sim em Arcos de Anadia.
Talvez para
contrabalançar assistem-se a homenagens a Tomás da Fonseca, uma figura ilustre
e um lutador pela liberdade e por Mortágua. Mas é dramático ver como se amputa
parte da sua memória e se inventam coisas que nunca aconteceram. Por um lado
ocultam que Tomás da Fonseca foi membro do PCP nos últimos 20 anos da sua vida.
Em contrapartida inventam que esteve preso em Caxias e no Tarrafal, o que é
absolutamente falso. O único mortaguense que esteve preso em Caxias e no
Tarrafal foi o Dr. Basílio Lopes Pereira. Outros estiveram presos em Caxias,
nomeadamente a sobrinha de Tomás da Fonseca, Fernanda Paiva Tomás, que foi a
mulher portuguesa que esteve mais tempo aprisionada por motivos políticos –
mais de 9 anos – mas dessa não interessa falar…
E teremos
este ano, mais uma vez, as comemorações do 24 de Abril, porque nem as explosões do fogo de artifício acontecem a 25 de Abril. Mas em
contrapartida temos na Agenda Municipal um texto poético, de gosto duvidoso, da
autoria do nosso Presidente. É pena ser lido no dia 24… mas ele gosta assim.
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