quarta-feira, 5 de abril de 2017


As comemorações do dia 24 de Abril

Tenho vindo a constatar que a o executivo da Câmara de Mortágua não perde uma oportunidade de homenagear figuras ligadas ao antigo regime. Foi o Dr. Assis, que como sabemos era um monárquico salazarista assumido, mas isso foi sempre omitido nas informações dadas oficialmente.

Na última Agenda Municipal, a propósito dos 78 mortaguenses participantes na 1ª guerra mundial, só indica o nome de quatro, e mesmo assim deturpando o de um deles.  No entanto destaca dois personagens que não nasceram em Mortágua, embora sejam filhos de um mortaguense. Mas têm uma característica interessante: são monárquicos salazaristas, e um deles foi mesmo ministro de Salazar. Dele disse e escreveu o Dr. Assis: “ e não podemos deixar de orgulhar-nos de que o Senhor Ministro do Interior … seja um filho deste concelho – o mais ilustre de todos quantos aqui nasceram, depois de D. Vasco Martins, de Vila Nova, alto funcionário da côrte de D. Sancho I, que promoveu a fundação do sete vezes secular município de Mortágua.” Acontece que nem D. Vasco Martins nasceu em Vila Nova, nem o senhor ministro nasceu em Mortágua, mas sim em Arcos de Anadia.

Talvez para contrabalançar assistem-se a homenagens a Tomás da Fonseca, uma figura ilustre e um lutador pela liberdade e por Mortágua. Mas é dramático ver como se amputa parte da sua memória e se inventam coisas que nunca aconteceram. Por um lado ocultam que Tomás da Fonseca foi membro do PCP nos últimos 20 anos da sua vida. Em contrapartida inventam que esteve preso em Caxias e no Tarrafal, o que é absolutamente falso. O único mortaguense que esteve preso em Caxias e no Tarrafal foi o Dr. Basílio Lopes Pereira. Outros estiveram presos em Caxias, nomeadamente a sobrinha de Tomás da Fonseca, Fernanda Paiva Tomás, que foi a mulher portuguesa que esteve mais tempo aprisionada por motivos políticos – mais de 9 anos – mas dessa não interessa falar…

E teremos este ano, mais uma vez, as comemorações do 24 de Abril, porque nem as explosões do fogo de artifício acontecem a 25 de Abril. Mas em contrapartida temos na Agenda Municipal um texto poético, de gosto duvidoso, da autoria do nosso Presidente. É pena ser lido no dia 24… mas ele gosta assim.

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