Fernão Vasques,
nome simbólico de Basílio Lopes Pereira
Em vários documentos,
como podemos ver no excerto de “Uma
história da maçonaria em Portugal”, da autoria de António Ventura, abaixo inserido, ficamos
a saber que Fernão Vasques foi o nome
simbólico adoptado por Basílio Lopes Pereira dentro da Maçonaria.
Embora o nome nos fosse familiar, já não conseguíamos localizar
a figura no tempo, nem imaginar que simbolismo poderia ter.
Fomos pois procurar saber
quem foi Fernão Vasques, e ficamos a saber que foi um:
”Alfaiate que viveu no século 14, e se tornou
célebre por ser chefe do povo de Lisboa, quando os populares, indignados com o
casamento do rei D. Fernando com D. Leonor Teles, se dirigiram aos paços de S.
Martinho, onde residia D. Fernando e a adúltera. Fernão Vasques não hesitou em
tomar a palavra, e em dizer ao monarca que o povo de Lisboa não consentiria.
que ele casasse com D. Leonor Teles, que era má mulher e feiticeira. D.
Fernando, aterrado com a revolta, respondeu jurando que D. Leonor Teles não era
sua mulher, nem o seria nunca, e prometeu ir no dia seguinte a S. Domingos para
se explicar com o povo. No dia seguinte, D. Fernando, em vez de ir a S.
Domingos, fugiu para o Porto com D. Leonor Teles, que nessa cidade desposou, e
entretanto Fernão Vasques em S. Domingos fazia ouvir aos fidalgos do rei D.
Fernando palavras ásperas e severas, que produziram grande tumulto. Não duraram
muito tempo as glórias de Fernão Vasques. D. Leonor voltou a Lisboa,
profundamente indignada. Fernão Vasques foi enforcado nesse mesmo ano de 1371,
em que ousara erguer a sua voz altiva diante dos reis em defesa dos foros
populares.”
In Portugal - Dicionário
Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e
Artístico,
Na “História de
Portugal, popular e ilustrada”, de Manuel Pinheiro Chagas, encontramos uma ilustração de Alfredo Roque Gameiro mostrando Fernão Vasques a falar ao povo de Lisboa.
Também Alexandre Herculano, em Arras Por Foro de Espanha, nos relata o
episódio histórico:
“…vós, mestre Fernão Vasques: —respondeu um velho,
cuja calva polida reverberava os raios d’uma das lampadas pendentes do tecto, e
que parecia ser homem de conta entre os populares.—Quem ha ahi entre a
arraya-miuda mais discreto e aposto para taes autos que vós? Quem com mais
urgentes razões proporia nosso aggravo e a deshonra e vilta d’elrei, do que vós
o fizestes hoje na mostra que démos ao paço esta tarde?”
“Alcacer, alcacer! por nosso capitão
Fernão Vasques:—bradou unisona a chusma.
“Fico-vos obrigado, mestre Bartholomeu
Chambão!—replicou Fernão Vasques, socegado o tumulto.—Pelo razoado de hoje
terei em paga a forca, se a adultera chega a ser rainha: pelo do ámanhan terei
as mãos decepadas em vida, se elrei com suas palavras mansas e enganosas souber
apaziguar o povo. E tendes vós por averiguado, mestre Bartholomeu, que o
carrasco sabe apertar melhor o nó da corda na garganta, que eu o ponto em
peitilho de saio, ou em costura de redondel ou pelote, e que o cutelo do algoz
entra mais rijo no gasnate de um christão que a vossa enchó n’uma aduela de
pipa?”
“Nanja emquanto na minha aljava houver
almazem, e a garrucha da bésta, me não estourar:— …”
Basílio Lopes Pereira teve uma vida atribulada, sem
que tivesse o mesmo destino de Fernão Vasques.
Por motivos que desconhecemos, viria a incluir no nome
do seu filho o nome de Fernão, mas da Irmânia. Não parece ter nada a ver com o
seu nome maçónico, uma vez que só foi iniciado na Loja “ A Revolta “ de
Coimbra, em 13/07/1923 (
informação da Revista “Grémio Lusitano”,
nº18, 1º semestre de 2012), e Cesár Máximo Fernão da Irmânia nasceu a
25/10/2022, ou seja, nove meses antes, mas não deixa de ser uma curiosa coincidência.
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