quarta-feira, 1 de setembro de 2021

 Referências a Mortágua em vários arquivos religiosos

Como sabemos, até um passado relativamente recente, era a Igreja que detinha os arquivos e registos de quase tudo, desde a posse das propriedades aos acontecimentos da vida dos indivíduos (batismos, casamentos) e até da sua morte.

Simultaneamente, a Igreja detinha parte significativa da propriedade dos bens imóveis do reino, pelo que o seu registo era importante em discussões futuras sobre a titularidade dos mesmos.

Fazemos aqui uma súmula do que fomos encontrando nos livros sobre esses arquivos, referindo Mortágua. Esperamos que seja útil a quem tenha vontade e energia para investigar mais a fundo.

Real Colégio de S. Paulo – fundado em 1959, por D. João III. Só foi inaugurado em 2 de Maio de 1563. Era dependente da Universidade de Coimbra . Tinha por missão a  «educação e instrução da primeira nobreza do reino» .

O financiamento e o engrandecimento do seu património teve lugar através de diversas doações régias. de D. Henrique, D. Sebastião, D. Filipe II  e D. João V.

A igreja paroquial de S. Mamede de Vale de Remígio, que era do padroado da Universidade, foi anexada pelo Real Colégio de S. Paulo, por carta Régia de D. Sebastião ,  de Abril de 1559, com consentimento do bispo –conde de Coimbra d. João Soares, ratificada pelo Papa Pio IV em documento de 6 de Julho de 1561.

O colégio foi extinto em 1834.

BANDEIRA, Ana Maria Leitão: O Real Colégio de São Paulo: acervo documental de um colégio universitário de Coimbra (1559-1834). Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra, XXVII (2014) pp.7-59

 

Mitra Episcopal de Coimbra e Igreja Patriarcal de Lisboa

A Mitra de Coimbra tinha propriedades em Almaça, Cortegaça, Marmeleira, Cercosa e Sobral.

Um  Alvará Régio de 24 de Fevereiro de 1740, outorgou 1/3 das rendas da Mitra de Coimbra, tal como de outros bispados, ao cabido da Igreja Patriarcal de Lisboa, tal como consta das escrituras de arrendamento.

BANDEIRA,Ana Maria Leitão; SILVA, Ana Margarida Dias da ;MENDES,Marta Luísa Gama :Mitra Episcopal de Coimbra: descrição arquivística e inventário do fundo documental 1402-1887.

 

SÉ DE COIMBRA

livro preto da sé de coimbra

Códice mandado fazer por D. Miguel Salomão, bispo de Coimbra entre 1162 e 1176.
O título formal é "Liber inventarius cartarum sive testamentorum", mas é conhecido por "Livro Preto" devido à cor da encadernação setecentista e à cor do corte das folhas.
Contém 663 diplomas com informações relativas à história política e militar, eclesiástica, linguística, direito, e história das mentalidades, datados desde o séc. XI.
Constituiu-se em duas partes: a primeira de 255 f. em pergaminho, e a segunda de 33 f. de papel com o índice do códice, e feito posteriormente.

DGARQ - Direcção-Geral de Arquivos

 

Em Março de 1130 –“ João Lazares, presbítero, cede a Mendo Pais uma herdade em Mortágua para a povoar, revertendo depois metade para este e a outra metade para o doador e, à sua morte, para a Sé de Coimbra.”

L.P., fl 127-127v, doc. 277

Em Outubro de 1128 – “O presbítero João doa, por sua morte, à Sé de Coimbra uma casa em Penacova e os bens que possui em Mortágua e Lorvão. Se morrer na peregrinação, deixa à referida Sé tudo o mais que possuir.”

L.P., fls. 130v.-131, doc.287

Em Abril de 1162 – “ Gonçalo Afonso doa, com reserva de usufruto, ao bispo D. Miguel e à Sé de Coimbra um terço do que possui em Mortágua, por D. Miguel lhe ter perdoado a injúria cometida por ele contra o seu arcediago.”

L.P., fl. 137, doc. 304

VENTURA, Leontina; VELOSO, M.Teresa :Livro Preto da Sé de Coimbra. Vol. II.  Universidade de Coimbra, 1978

 

MOSTEIRO DE TREZOI

S.L. ERA 1136 “ Aires Diogo, paio Diogo, Vermudo Ildras, Froila João e outros, estabelecem, com o Bispo de Coimbra , D. Crescónio, as condições em que tomam de emprazamento o Mosteiro de Trezoi, que era da Vacariça, e aí organizavam povoação.”

Peticio populandi monastium trasoi

VENTURA, Leontina; VELOSO, M. Teresa : Livro Preto da Sé de Coimbra. Vol. I.  Universidade de Coimbra, 1977 p.112

 

 

MOSTEIRO DE SANTA CRUZ

LIVRO SANTO DE SANTA CRUZ

O Livro Santo começado no ano de 1155, 24.º da fundação do mosteiro, foi concluído durante o priorado de D. João César (1196-1226). Primeiro cartulário de Santa Cruz, cujos documentos foram escritos por Pedro Alfarde, cónego do mosteiro que veio a ser prior (1184-1190).
Contém o "Librum Testamentorum", o "Librum Venditionum simul et Comutationum", a "Vita Tellonis" e a "Vita Sancti Martini Sauriensis".
Contém também os privilégios pontifícios mais antigos dados ao mosteiro, privilégios reais, doações, convenções, pleitos, contratos agrários além da proposta dos novos valores das Vitae.
Inclui a minuta do tesouro achado no mosteiro, datada da véspera de Nossa Senhora da Assunção, do ano de 1539, fazendo referência ao roubo de moedas francesas e mouriscas com descrição e desenho das segundas (f. 22 v., 23 v.).
Iniciais com decoração a vermelho.
Tem índice no início
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DGARQ - Direcção-Geral de Arquivos

 

 

Em Março de 1137 – “ Mónia Martins entrega-se ao Mosteiro de Santa Cruz, ao mesmo tempo que doa a sua villa de Almaça (c. de Mortágua), a sexta parte de Escapães (c. de Cantanhede), um casal em Valongo (c. de Coimbra) e a quarta parte de Figueiredo (c. de Vouzela) “

T.T. –Livro Santo, fl.35-35v., doc. 22

 

Em Fevereiro de 1143 – “Randulfo Soleimás, sua mulher Boa Guterres e sua filha Maior Randulfes fazem testamento  da herdade de Trezói “ ao Mosteiro de Santa Cruz

T.T. – Livro Santo, fls. 43v- 44, doc. 45

 

Em Maio de 1141 – “Paio Guterres escamba com o Mosteiro de Santa Cruz a sua herdade de Almaça (c. de Mortágua), que lhe dera o rei D. Afonso, por outra herdade em Terroso (além Douro), que fora de Mónia Martins, cónega do Mosteiro .”

T.T. – Livro Santo, fl. 99v, doc. 176

VENTURA, Leontina; FARIA, Ana Santiago : Livro Santo de Santa Cruz ; INIC. Coimbra 1990

 

MOSTEIRO DE LORVÃO

Em Maio de 1175 – “Mestre João faz testamento ao mosteiro de Lorvão da villa de Vale de Açores (fr. e c. de Mortágua) e das suas casas junto à colegiada de S.Pedro na cidade de Coimbra.”

T.T. – Sé de Viseu, m.IV, doc. 16. Carta partida por ABC.

VENTURA, Leontina; MATOS, João da Cunha: Diplomatário da Sé de Viseu (1078-1278). I.U.C., Coimbra 2010

 

DIPLOMATÀRIO DA SÉ DE VISEU

Em 12 de Setembro de 1123- O presbítero Mem Oveques doa os seus bens em Breda (fr. do Sobral, c. de Mortágua) à igreja de Santa Maria de Viseu

VENTURA, Leontina; MATOS, João da Cunha: Diplomatário da Sé de Viseu (1078-1278). I.U.C., Coimbra 2010

Setembro de 1172- Salvador Aires e sua mulher Susana dão a Erro Mendes e sua mulher Urraca tudo quanto tem em Espinho (fr.,c. Mortágua) e em Vila de Lobos (fr.,Pala? c. Mortágua), por quitação de metade da villa de Vale de Açores (fr. e c. Mortágua), que venderam ao mosteiro do Lorvão, e por dois morabitinos.

T.T. -Sé de Viseu, m. IV, doc. 14

Maio de 1175 -Mestre João faz testamento ao mosteiro de Lorvão da villa de Vale de Açores (fr. e c. Mortágua) e das suas casas junto à colegiada de S. Pedro na cidade de Coimbra.

T.T.- Sé de Viseu, m.IV, doc.18. Carta partida por ABC

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