Referências a Mortágua em vários arquivos religiosos
Como sabemos, até um passado
relativamente recente, era a Igreja que detinha os arquivos e registos de quase
tudo, desde a posse das propriedades aos acontecimentos da vida dos indivíduos (batismos,
casamentos) e até da sua morte.
Simultaneamente, a Igreja detinha
parte significativa da propriedade dos bens imóveis do reino, pelo que o seu
registo era importante em discussões futuras sobre a titularidade dos mesmos.
Fazemos aqui uma súmula do que fomos
encontrando nos livros sobre esses arquivos, referindo Mortágua. Esperamos que
seja útil a quem tenha vontade e energia para investigar mais a fundo.
Real Colégio de S. Paulo – fundado em 1959, por D.
João III. Só foi inaugurado em 2 de Maio de 1563. Era dependente da
Universidade de Coimbra . Tinha por missão a
«educação e instrução da primeira nobreza do reino» .
O financiamento e o engrandecimento do seu
património teve lugar através de diversas doações régias. de D. Henrique, D.
Sebastião, D. Filipe II e D. João V.
A igreja paroquial de S.
Mamede de Vale de Remígio, que era do
padroado da Universidade, foi anexada pelo Real Colégio de S. Paulo, por carta
Régia de D. Sebastião , de Abril de
1559, com consentimento do bispo –conde de Coimbra d. João Soares, ratificada
pelo Papa Pio IV em documento de 6 de Julho de 1561.
O colégio foi extinto em 1834.
BANDEIRA, Ana Maria Leitão: O
Real Colégio de São Paulo: acervo documental de um colégio universitário de
Coimbra (1559-1834). Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra, XXVII
(2014) pp.7-59
Mitra
Episcopal de Coimbra e Igreja Patriarcal de Lisboa
A Mitra de Coimbra tinha propriedades
em Almaça, Cortegaça, Marmeleira, Cercosa e Sobral.
Um
Alvará Régio de 24 de Fevereiro de 1740, outorgou 1/3 das rendas da
Mitra de Coimbra, tal como de outros bispados, ao cabido da Igreja Patriarcal
de Lisboa, tal como consta das escrituras de arrendamento.
BANDEIRA,Ana Maria Leitão; SILVA,
Ana Margarida Dias da ;MENDES,Marta
Luísa Gama :Mitra Episcopal
de Coimbra: descrição arquivística e inventário do fundo documental 1402-1887.
SÉ DE COIMBRA
livro preto da sé de coimbra
Códice mandado fazer por D. Miguel Salomão, bispo de
Coimbra entre 1162 e 1176.
O título formal é "Liber inventarius cartarum sive testamentorum",
mas é conhecido por "Livro Preto" devido à cor da encadernação
setecentista e à cor do corte das folhas.
Contém 663 diplomas com informações relativas à história política e militar,
eclesiástica, linguística, direito, e história das mentalidades, datados desde
o séc. XI.
Constituiu-se em duas partes: a primeira de 255 f. em pergaminho, e a segunda
de 33 f. de papel com o índice do códice, e feito posteriormente.
DGARQ - Direcção-Geral de Arquivos
Em Março de
1130 –“ João Lazares, presbítero, cede a Mendo Pais uma herdade em
Mortágua para a povoar, revertendo depois metade para este e a outra metade
para o doador e, à sua morte, para a Sé de Coimbra.”
L.P., fl 127-127v, doc. 277
Em Outubro
de 1128 – “O presbítero João doa, por sua morte, à
Sé de Coimbra uma casa em Penacova e os bens que possui em Mortágua e
Lorvão. Se morrer na peregrinação, deixa à referida Sé tudo o mais que
possuir.”
L.P., fls. 130v.-131, doc.287
Em Abril de
1162 – “ Gonçalo Afonso doa, com reserva de usufruto, ao bispo D.
Miguel e à Sé de Coimbra um terço do que possui em Mortágua, por D.
Miguel lhe ter perdoado a injúria cometida por ele contra o seu arcediago.”
L.P., fl. 137, doc. 304
VENTURA, Leontina; VELOSO, M.Teresa :Livro Preto da Sé de Coimbra. Vol. II. Universidade de Coimbra, 1978
MOSTEIRO DE TREZOI
S.L. ERA
1136 “ Aires Diogo, paio Diogo, Vermudo Ildras, Froila João e outros,
estabelecem, com o Bispo de Coimbra , D. Crescónio, as condições em que tomam
de emprazamento o Mosteiro de Trezoi, que era da Vacariça, e aí
organizavam povoação.”
Peticio populandi monastium trasoi
VENTURA, Leontina; VELOSO, M. Teresa : Livro Preto da Sé de Coimbra. Vol.
I. Universidade de Coimbra, 1977 p.112
LIVRO SANTO DE SANTA CRUZ
O
Livro Santo começado no ano de 1155, 24.º da fundação do mosteiro, foi
concluído durante o priorado de D. João César (1196-1226). Primeiro cartulário
de Santa Cruz, cujos documentos foram escritos por Pedro Alfarde, cónego do mosteiro
que veio a ser prior (1184-1190).
Contém o "Librum Testamentorum", o "Librum Venditionum simul et
Comutationum", a "Vita Tellonis" e a "Vita Sancti Martini
Sauriensis".
Contém também os privilégios pontifícios mais antigos dados ao mosteiro,
privilégios reais, doações, convenções, pleitos, contratos agrários além da
proposta dos novos valores das Vitae.
Inclui a minuta do tesouro achado no mosteiro, datada da véspera de Nossa
Senhora da Assunção, do ano de 1539, fazendo referência ao roubo de moedas francesas
e mouriscas com descrição e desenho das segundas (f. 22 v., 23 v.).
Iniciais com decoração a vermelho.
Tem índice no início.
DGARQ - Direcção-Geral de Arquivos
Em Março de
1137 – “ Mónia Martins entrega-se ao Mosteiro de Santa Cruz, ao mesmo
tempo que doa a sua villa de Almaça (c. de Mortágua), a sexta parte de
Escapães (c. de Cantanhede), um casal em Valongo (c. de Coimbra) e a quarta
parte de Figueiredo (c. de Vouzela) “
T.T. –Livro Santo, fl.35-35v., doc. 22
Em Fevereiro
de 1143 – “Randulfo Soleimás, sua mulher Boa Guterres e
sua filha Maior Randulfes fazem testamento
da herdade de Trezói “ ao Mosteiro de Santa Cruz
T.T. – Livro Santo, fls. 43v- 44, doc. 45
Em Maio de
1141 – “Paio Guterres escamba com o Mosteiro de
Santa Cruz a sua herdade de Almaça (c. de Mortágua), que lhe dera o rei
D. Afonso, por outra herdade em Terroso (além Douro), que fora de Mónia
Martins, cónega do Mosteiro .”
T.T. – Livro Santo, fl. 99v, doc. 176
VENTURA, Leontina; FARIA, Ana Santiago : Livro Santo de Santa Cruz ; INIC.
Coimbra 1990
MOSTEIRO DE LORVÃO
Em Maio de
1175 – “Mestre
João faz testamento ao mosteiro de Lorvão da villa de Vale de Açores (fr. e
c. de Mortágua) e das suas casas junto à colegiada de S.Pedro na cidade de
Coimbra.”
T.T.
– Sé de Viseu, m.IV, doc. 16. Carta partida por ABC.
VENTURA, Leontina; MATOS, João da Cunha: Diplomatário da Sé de Viseu (1078-1278).
I.U.C., Coimbra 2010
DIPLOMATÀRIO
DA SÉ DE VISEU
Em 12 de
Setembro de 1123- O presbítero Mem Oveques doa os seus bens
em Breda (fr. do Sobral, c. de Mortágua) à igreja de Santa Maria de Viseu
VENTURA, Leontina; MATOS, João da Cunha: Diplomatário da Sé de Viseu (1078-1278).
I.U.C., Coimbra 2010
Setembro de 1172-
Salvador Aires e sua mulher Susana dão a
Erro Mendes e sua mulher Urraca tudo quanto tem em Espinho (fr.,c. Mortágua)
e em Vila de Lobos (fr.,Pala? c. Mortágua), por quitação de metade da
villa de Vale de Açores (fr. e c. Mortágua), que venderam ao mosteiro do
Lorvão, e por dois morabitinos.
T.T. -Sé de Viseu, m. IV, doc. 14
Maio de 1175 -Mestre
João faz testamento ao mosteiro de Lorvão da villa de Vale de Açores (fr. e c.
Mortágua) e das suas casas junto à colegiada de S. Pedro na cidade de Coimbra.
T.T.- Sé de Viseu, m.IV, doc.18.
Carta partida por ABC
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