quinta-feira, 12 de agosto de 2021

 

A propósito do

Rancho da Mocidade de Mortágua


A revista “Ilustração Portuguesa”  de 8 de Setembro de 1923 publicou uma fotografia de um grande grupo de jovens de ambos os sexos, alguns com instrumentos musicais, em que distinguimos 2 flautas, 3 violas e um violino.


A legenda da fotografia informa-nos que o grupo foi organizado pelo senhor Joaquim Oliveira, na sua qualidade de Juiz dos festejos realizados em Mortágua no dia 14 de Agosto. Mais nos informa que a exibição foi brilhante, em resultado dos esforços do ensaiador do grupo, o professor Manuel Albuquerque de Matos.

Do sr. Joaquim Oliveira ainda me lembro. Era um cidadão com intensa intervenção social e à data em que o conheci teria o aspecto da fotografia que aqui publico, que tem, pelo menos,  mais quatro décadas do que a do Rancho.

 

Joaquim Oliveira

Mas, em relação ao ensaiador do grupo, confesso que a minha ignorância era absoluta. Não o conheci, nem ouvi qualquer referência que me orientasse. Mas depois de muito batalhar lá cheguei ao que procurava.      

Manuel Albuquerque de Matos 

Manuel Albuquerque de Matos nasceu na localidade de Casais de Eiras, da Freguesia de Eiras em 8 de Outubro de 1895.

Terminou o curso da Escola Normal de Aveiro a 01 de Agosto de 1919. Iniciou a vida de professor primário em Souselas entre 1920 e 1922, transitando depois para  Pala (Mortágua) onde se manteve de 1923 a 1926.

 A 8 de Dezembro de 1926, obteve provimento definitivo como professor primário de Eiras onde permaneceu até 26 de Fevereiro de 1963.

Lídia Helena de Sousa 
Casou em 1921com Lídia Helena de Sousa, que viria a ser professora em Eiras, em 1927. Curiosamente, também lecionou anteriormente  em Espinho do concelho de Mortágua


Manuel Albuquerque de Matos, dedicou-se á investigação da história e tradições da sua terra natal, Eiras, que já fora concelho. Tomás da Fonseca comprou num leilão um livro manuscrito pelo Padre Fabião Soares de Paredes, datado de 1734, intitulado “Memórias de Eyras”. Ofereceu-o a Albuquerque de Matos, que lhe deu o melhor uso, e do qual retirou informação valiosa para as suas pesquisas.

Em 1926 participou activamente na fundação da Escola Livre de Eiras, embora a notícia da Gazeta de Coimbra lhe troque o nome, chamando-lhe José.




A Gazeta de Coimbra de 10 de Março de 1927 relata com grande entusiasmo a visita de Basílio Lopes Pereira à Escola Livre de Eiras, que se tinha desenvolvido de modo acelerado.

Manuel Albuquerque de Matos, além da docência foi sempre um cidadão muito activo na sua comunidade, tendo sido também presidente da Junta de Freguesia.

Foi também um entusiasta da vinicultura, ganhando prémios com vinhos de várias colheitas.

Sobre os seus dotes musicais não encontramos mais informações



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