sexta-feira, 3 de junho de 2016





  Andorinhas brancas

Apesar dos meus 64 anos, e de ter viajado  por vários continentes, até há 3 anos nunca tinha observado andorinhas de cor branca. Uma manhã de primavera, ao espreitar para o quintal da minha casa, deparei-me com 2 andorinhas completamente brancas, ainda jovens, pousadas juntamente com outras de coloração habitual numa estrutura de madeira ali implantada.
Tinha a máquina fotográfica por perto e tratei de a ir buscar, embora pensando que, provávelmente, quando voltasse já as andorinhas teriam ido tratar da sua vidinha. Mas tal não aconteceu. Permaneciam calmamente pousadas no mesmo local. Aproximei-me cautelosamente, e consegui fotografá-las à minha vontade.
Talvez por serem ainda jovens, não se assustaram com a minha proximidade, e ali permaneceram durante mais de dez minutos, depois de me ter dado por satisfeito.
Não as voltei a observar nesse ano, nem no ano seguinte, mas no ano transacto, estando eu sentado na esplanada próxima do Parque Urbano de Mortágua, divisei claramente duas andorinhas brancas a voar por cima dos choupos. Não tinha comigo a máquina fotográfica, e mesmo que tivesse, a distância seria demasiada para obter uma fotografia com um mínimo de qualidade.
Nessa altura comentei o caso com alguns amigos, e um deles, Cláudio Monteiro, afirmou-me que também ele vira as andorinhas brancas no mesmo dia, e próximo do local da minha última observação.

Pesquisei na internet, e encontrei duas descrições semelhantes, publicadas em 2009, de observação e registo fotográfico em locais muito distantes, e em qualquer dos casos é referida uma só andorinha :
Uma delas de Steve Copsey em Rhynie, Aberdeenshire, na Escócia;
Outra do fotógrafo José Francisco da Silva, do Laboratório de Alta Tensão no Sertão do Maruim, São José, Santa Catarina, no Brasil. 

Há duas causas  diferentes para o aparecimento de uma ave com a plumagem toda branca.
Uma delas é o chamado Leucismo, em que algumas partes do corpo têm pigmentos, nomeadamente os olhos, que são de cor normal. Pode ser de origem genética, metabólica ou alimentar.
Na outra, o Albinismo, resultante de uma mutação genética, há uma ausência completa de pigmentos, e os olhos são vermelhos porque se veem os vasos, normalmente invisíveis por se interporem os pigmentos da retina. A probabilidade de isso ocorrer é estimada em 1 para 18 000 casos.
As andorinhas que observamos eram, sem dúvida, albinas. 
Pensa-se que, tal como os humanos albinos, têm visão diminuída o que  as torna mais vulneráveis.

Este ano ainda não tive a oportunidade de ver andorinhas brancas, mas se me virem a olhar para o céu, quero que saibam que não estou maluco, nem estou a rezar… estou só à procura delas. Se as virem, digam-lhes que as espero.

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