domingo, 28 de maio de 2017




Alfredo Cândido

Foi um artista polifacetado, mas que ficou mais conhecido pela caricatura, essencialmente de caracter político.
Vejamos uma pequena biografia que Osvaldo de Sousa escreveu sobre ele:

Ponte de Lima, 27/1/1879 —Lisboa, 27/7/1960).
Fez os seus estudos na Escola Industrial de Viana do Castelo, emigrando depois com toda a família para o Brasil, em 1895. Ai, ele e o irmão iniciaram a sua actividade jornalística como caricaturistas, publicando com grande sucesso em Portugal Moderno, O Dia, Jornal do Brasil, Larva, etc. (por vezes sob o pseudónimo de Jacques Dubois). O seu irmão permaneceu no Brasil, mas no principio do século Alfredo regressou a Portugal, prosseguindo a actividade de caricaturista em periódicos como Brasil-Portugal (1900-1907), O Vira (1906), A Garra (1907), O Matias, de que foi director e desenhador principal (1913), O Ze (1914), A Batalha (1925), O Espectro (1925), Os Sportsinhos, Sempre Fixe, Tic-Tac, Acção, etc. Ilustrou diversos livros. Foi director de Turismo. Revista de Propaganda de Portugal.

In SOUSA, Osvaldo Macedo de :As Caricaturas da Primeira República; Edições Tinta da China, 2010

Na verdade, para além dessa actividade, desenhava e pintava muito bem outros motivos. Existem na internet alguns quadros dele que se podem apreciar.

Quando procurávamos esclarecer outros assuntos, encontramos na DEFESA DA BEIRA de 25 de Janeiro de 1948 um interessante artigo sobre uma permanência de Alfredo Cândido em Mortágua, onde fez uma exposição de quadros com motivos locais que executou.
Dada a quantidade de quadros apresentados, presumimos que deve ter permanecido bastante tempo por estas paragens.
Vejamos o que dizia ao artigo:

 Motivos regionais
O lápis de Alfredo Cândido, o artista que transformou o «viveiro» do Jardim-Escola João de Deus, de Mortágua, num viveiro de motivos regionais, paisagens que a nós nos parecem toscas, sem merecimento, sem interesse, mas que o artista, em pinturas maravilhosas, imprimiu ao amplo salão um formidável aspecto digno de admirar-se e nas quais as criancinhas hão de recrear o seu olhar curioso e ávido de coisas belas.
Entre os desenhos paisagistas que fazem parte do friso que classificamos de regionalista, podem admirar-se:
- Um trecho das vizinhanças do jardim-Escola;
- Um lavrador, com a sua junta de bois, a lavrar a terra;
- Rigueiras – vendo-se, ao fundo, os contrafortes do Caramulo, e, ao lado, um trecho da pitoresca «Quinta da Velha».
- Jardim público, com o respectivo coreto, que alguém classificou de monumento ao músico desconhecido;
- Açude à ponte de Vale de Açores, com o respectivo moinho;
- Ermida de Nossa Senhora de Fátima, acoitada pela gigantesca sobreira;
- Uma visita panorâmica do Cabeço do Senhor do mundo, tendo, por fundo, a serra do Caramulo;
- Igreja de S. Gens, em Pala, vista do caminho da Palinha;
- A pitoresca ponte do Barril, tendo por fundo, o Barril de Cima;
- Uma rua de vale de Açores – casas típicas;
- Um trecho das eiras no alto do Outeiro;
-Um alpendre, no cimo do Cabeço, junto à capela do Senhor do Mundo;
- Ponte metálica do Caminho de Ferro, paralela á ponte de pedra, vista do Caneiro;
- Pelourinho de Mortágua;
- Um trecho da Rua de Trás, com todas as suas derrocadas;
- Um trecho do Chão de Calvos com a sua capela tradicional e entrada para o fontenário e ruínas da antiga casa da guarda;
- Casa na povoação da Gândara, onde nasceu D. Maria Isabel;
- Casa de residência do dr. Aníbal Dias e um recanto da sua entrada, onde se vê a legenda «Vila Maria Isabel»;
- Chafariz de Mortágua e edifício dos Paços do Concelho que lhe fica em frente;
- Ao centro – o Brasão de Mortágua. São 40 metros de friso com 80 centímetros de altura.

Com muita pena nossa, não conseguimos até hoje nenhuma pista sobre a localização dessas obras, que seria interessante ver, quer pela qualidade do autor, quer pelo interesse histórico que hoje teriam. Se ainda existirem, é provável que pertençam a particulares, que, com alguma probabilidade, nem sabem a que é que dizem respeito…

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