sexta-feira, 19 de maio de 2017


Dr. Artur Novais

 
 

Hoje  queremos lembrar um filho de Mortágua  que caiu  no completo esquecimento. Nascido  no nº 14 da Rua de Aveiro, que era a casa da sua avó,  Artur Novais acabaria por ir morar, ainda muito jovem, para Lisboa. A sua mãe, que enviuvou cedo, voltou a casar e foi  para a capital.
Licenciou-se em Medicina em Lisboa e aí manteve  sempre a sua residência na Rua de Campolide.
Casou com D. Irene, filha da 2ª esposa (D. Clarinda) do Sr. José Afonso, de Pala.
Trabalhava no Hospital dos Capuchos, era médico do pessoal do laboratório farmacêutico Vitória, e exercia clínica privada.  
Médico de grande dedicação profissional e imensa generosidade, era conhecido por dar assistência a pessoas muito necessitadas, indo observá-las às “grutas” que existiam na mata de Monsanto, dando-lhe medicamentos, e por vezes até dinheiro para que pudessem comer.
Atingia situações de tamanho cansaço, que chegava a adormecer enquanto mexia o açúcar no café.
Não era homem de paixões políticas, mas nunca foi um apoiante do regime salazarista.
Se actualmente fosse vivo estaria muito contente. O Benfica, de que tanto gostava, ganhou o campeonato nacional…
Colhemos estas informações através de pessoas de Mortágua, que com ele conviveram em Lisboa. Infelizmente não pudemos aprofundar mais os dados acima referidos.
Acrescentamos uma transcrição de um nota, da qual não sabemos a autoria,  publicada na

Defesa da Beira de 21 de Junho de 1969

Dr. Artur Novais

« Que a sua natural modéstia e a amizade sincera com que desde sempre nos honrou perdoe as linhas que lhe dedicamos, que elas são inteiramente justas e merecidas sabem-no perfeitamente quantos o conhecem e admiram. Dificilmente, muito dificilmente nos tempos que correm, se encontra uma pessoa com o seu feitio e em especial no exercício da sua actividade profissional. Médico, com letra maiúscula, que honra e dignifica a profissão que escolheu e a que devotadamente se entrega, com alma e coração, com desprezo completo pela sua saúde, pelo seu sossego e muitas vezes (tantas e tantas) pelos bens materiais. Não errou a vocação, nasceu para ser médico e só o seu temperamento e boa disposição permanente são como um bálsamo para os doentes. Por isso não tem mãos a medir, por isso consegue trabalhar diariamente doze, quatorze, dezasseis horas, sempre com um sorriso nos lábios, por isso é querido de todos quantos com ele convivem. Jamais teve horas para as refeições, os seus telefones tocam quase ininterruptamente, sinónimo duma actividade imensa, esgotante, cansativa…Na populosa, moderna e progressiva zona em que vive, é  pessoa muito conhecida, popular e estimada, facto a que não é estranho, repetimos, o seu bom e generoso coração. Para ele não importa saber se o cliente é rico ou pobre, se paga ou não, o que conta é o doente, esse está em primeiro lugar; o resto é secundário. Desde sempre assim trabalhou, grangeou muita fama, amizades nanja fortuna.
Ainda recentemente num conhecido Laboratório de especialidades farmacêuticas para o qual trabalha há 25 anos, foi homenageado por esse facto, demonstrando-lhe a sua estima de forma inequívoca e altamente sintomática as centenas de pessoas que ali trabalham. Escusado será dizer que uma grande parte da numerosa colónia de mortaguenses em Lisboa lhe bate com frequência à porta, atodos procurando atender e se possível redobrando a sua proverbial boa disposição. Para os seus doentes não é somente o médico, é mais do que isso, é o amigo dedicado que vive e sente os seus problemas, que presta carinhosa assistência, que apoia moralmente.
Dr. Artur Novais, médico distinto, feitio admirável, coração de oiro, caracter integro, recto, honesto, mortaguense dos mais ilustres, nós o saudamos apetecendo-lhe muitos anos de vida, muita saúde e muitas felicidades. Ele é bem merecedor de tudo isso; pois que possa ainda por muito tempo continuar a exercer o sacerdócio da medicina, como sempre o fez e como tão poucos o fazem, infelizmente, e que nos desculpe estas pobres mas sinceras palavras, que só pecam por não conseguirem traduzir aquilo que sentimos, toda a nossa admiração e tanta ela é …  »

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